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Brucelose em vacas e seres humanos: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado: 15 de out. de 2024

A brucelose bovina, também conhecida como aborto contagioso, é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Brucella, sendo a Brucella abortus a espécie mais comum em bovinos.


imagem de uma vaca sendo tratada

Esta zoonose afeta principalmente o sistema reprodutivo dos animais, causando prejuízos econômicos significativos à pecuária devido à redução na produção leiteira, aumento de abortos e diminuição da taxa de natalidade nos rebanhos. Além disso, a brucelose também é uma preocupação para a saúde pública, pois pode ser transmitida para humanos.

Este artigo visa fornecer informações claras e acessíveis sobre a brucelose em vacas, incluindo seus sintomas, causas, formas de transmissão e métodos de prevenção e tratamento, com base nas normativas de saúde animal no Brasil.


O Que É a Brucelose em Vacas?


A brucelose é uma doença bacteriana altamente contagiosa que afeta principalmente o gado bovino. Ela é causada pela bactéria Brucella abortus, que se instala nos tecidos reprodutivos, causando inflamações e frequentemente levando ao aborto, principalmente no terço final da gestação. Além dos prejuízos à saúde animal, a brucelose bovina possui grande impacto econômico para os produtores rurais, uma vez que reduz a produtividade do rebanho e impõe custos com medidas de controle e erradicação.

A brucelose bovina é considerada endêmica em várias regiões do Brasil, e por isso o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceu programas de controle e erradicação obrigatórios para a doença no território nacional.


Sintomas da Brucelose em Vacas


Os principais sintomas da brucelose em vacas estão associados ao sistema reprodutivo dos animais. Dentre os sinais clínicos mais comuns estão:


  • Aborto: Geralmente ocorre entre o sexto e oitavo mês de gestação.

  • Retenção de placenta: É comum que, após o aborto, a vaca apresente dificuldade para expulsar a placenta.

  • Infertilidade: Após o aborto, muitos animais podem apresentar problemas reprodutivos, como dificuldade em conceber novamente.

  • Metrite: Inflamação do útero, que pode ocorrer após o aborto.

  • Orquite: Nos machos, pode ocorrer inflamação nos testículos, afetando a fertilidade.

  • Nascimento de bezerros fracos: Quando não ocorre o aborto, os bezerros nascidos de vacas infectadas geralmente são fracos ou nascem com malformações.


Nos bovinos, os sintomas podem passar despercebidos até o momento do aborto, tornando a identificação da doença no rebanho ainda mais complicada sem a realização de exames laboratoriais.


Causas e Transmissão


A brucelose bovina é causada pela bactéria Brucella abortus, que possui alta capacidade de sobrevivência em ambientes úmidos e em tecidos animais. A transmissão da doença ocorre, principalmente, por contato direto com os materiais contaminados, como a placenta, fluidos fetais, sangue e secreções vaginais de animais infectados. Os principais meios de transmissão incluem:


  1. Contato com material biológico contaminado: Vacas podem contrair a doença ao entrar em contato com o aborto ou as secreções de um animal infectado.

  2. Ingestão de alimentos ou água contaminados: A bactéria pode ser transmitida por meio de alimentos ou água contaminados com fluídos de animais doentes.

  3. Transmissão congênita: Vacas gestantes podem transmitir a infecção para o feto, resultando em aborto ou no nascimento de bezerros infectados.

  4. Disseminação por sêmen: Em touros, a infecção pode ser transmitida por meio da inseminação artificial, se o sêmen não for testado para a bactéria Brucella.


Uma vez introduzida em um rebanho, a brucelose se espalha facilmente, principalmente em sistemas de produção intensiva onde o contato entre os animais é mais próximo.


Diagnóstico


O diagnóstico da brucelose em vacas é feito por meio de exames laboratoriais específicos que detectam a presença da bactéria Brucella abortus ou dos anticorpos produzidos pelo animal em resposta à infecção. Os testes mais comumente utilizados no Brasil são:


  • Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT): Este é o método de triagem mais comum e detecta a presença de anticorpos contra a Brucella no sangue.

  • Teste de Soroaglutinação Lenta em Tubo (SAL): É um teste confirmatório que quantifica os anticorpos contra a bactéria.

  • Cultura bacteriológica: Em casos de aborto, amostras da placenta e outros materiais podem ser enviadas ao laboratório para o isolamento da bactéria.


O diagnóstico precoce é essencial para a implementação de medidas de controle eficazes e para evitar a disseminação da doença.


Tratamento


Atualmente, não há tratamento eficaz e seguro para a brucelose em bovinos, sendo a eutanásia dos animais infectados a principal medida recomendada para controlar a doença e evitar a sua propagação. A eliminação de animais infectados faz parte das diretrizes do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), estabelecido pelo MAPA.

Em casos onde a brucelose é diagnosticada em um rebanho, é fundamental isolar os animais doentes e seguir as orientações sanitárias, que incluem:


  • Notificação compulsória: A brucelose é uma doença de notificação obrigatória no Brasil, e todo caso deve ser informado ao serviço veterinário oficial.


  • Abate sanitário: Os animais infectados devem ser abatidos para impedir a propagação da doença.


  • Desinfecção do local: O manejo adequado do local onde ocorreu o aborto, com a eliminação e desinfecção dos materiais contaminados, é essencial para reduzir a disseminação da bactéria.


Prevenção


A prevenção da brucelose em vacas é baseada em práticas sanitárias rigorosas e no cumprimento das normas estabelecidas pelo PNCEBT. As principais medidas preventivas incluem:


  • Vacinação obrigatória de bezerras: No Brasil, a vacinação contra a brucelose é obrigatória para bezerras com idades entre 3 e 8 meses, utilizando a vacina B19, conforme normativas do MAPA.


  • Controle do movimento de animais: A compra de animais deve ser feita com critério, garantindo que os mesmos sejam provenientes de rebanhos livres de brucelose, com exames negativos para a doença.


  • Exames periódicos: Realizar exames regulares no rebanho é essencial para identificar precocemente a infecção e tomar as medidas adequadas.


Considerações Finais


A brucelose em vacas é uma doença de grande impacto tanto para a saúde animal quanto para a economia da pecuária. A implementação de medidas preventivas, como a vacinação, o controle sanitário e a realização de exames regulares, é fundamental para evitar surtos e garantir a segurança dos rebanhos. Além disso, o abate de animais infectados e o manejo sanitário adequado são essenciais para a erradicação da doença em áreas endêmicas.


Brucelose em humanos: O Que É, Sintomas, Causas e Tratamento


A brucelose humana é uma doença infecciosa de origem bacteriana causada pelo gênero Brucella, que afeta tanto animais quanto seres humanos. Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma enfermidade transmitida de animais para humanos.


imagem de uma criança tomando leite
Consumo de derivados de leite infectados que não passaram pelo processo de pasteurização (leite, queijos, manteiga ou sorvetes).

A infecção humana ocorre, na maioria das vezes, por meio do consumo de alimentos contaminados ou pelo contato direto com animais infectados, principalmente em áreas rurais onde a pecuária é uma atividade comum.

Este artigo busca fornecer uma visão geral sobre a brucelose humana, abordando seus sintomas, causas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis, conforme diretrizes de fontes confiáveis e normas de saúde pública no Brasil.


O Que É a Brucelose Humana?


A brucelose é causada por bactérias do gênero Brucella, sendo as principais espécies que infectam humanos: Brucella abortus (associada ao gado), Brucella melitensis (em ovinos e caprinos) e Brucella suis (em suínos). Esta doença tem grande relevância no contexto da saúde pública, principalmente em áreas onde o manejo inadequado de animais e produtos de origem animal é comum. A transmissão para os humanos ocorre, geralmente, por:


  • Consumo de produtos de origem animal não pasteurizados, como leite e queijo.

  • Contato direto com sangue, tecidos ou fluidos corporais de animais infectados.

  • Inalação de aerossóis contaminados, principalmente em ambientes de trabalho, como abatedouros e fazendas.


A brucelose é considerada uma doença ocupacional, com risco elevado para trabalhadores rurais, veterinários, profissionais de saúde animal e laboratórios.


Sintomas da Brucelose Humana


Os sintomas da brucelose podem variar de leves a graves, e geralmente aparecem entre 5 dias e 3 semanas após a exposição às bactérias. Os principais sinais incluem:

  • Febre contínua ou intermitente, conhecida como "febre ondulante".

  • Suores noturnos.

  • Fadiga extrema.

  • Dores musculares e articulares, que podem levar a inflamação crônica.

  • Perda de apetite e perda de peso.

  • Dor abdominal e aumento do fígado ou do baço (hepatomegalia e esplenomegalia).


Em casos mais graves ou não tratados, a brucelose pode evoluir para complicações, como meningite, endocardite, artrite séptica e até infertilidade, tornando seu diagnóstico e tratamento precoce fundamentais para prevenir complicações.


Causas e Transmissão


A brucelose é uma zoonose transmitida, principalmente, pelo consumo de produtos de origem animal contaminados e pelo contato direto com animais infectados. Os principais fatores de risco para a infecção incluem:


  1. Consumo de alimentos contaminados: O leite cru e derivados lácteos, como queijos artesanais, são fontes frequentes de infecção, especialmente em regiões onde a pasteurização não é uma prática comum.

  2. Contato com animais infectados: Trabalhadores que lidam diretamente com animais, como pecuaristas, veterinários e açougueiros, estão em maior risco devido ao contato com sangue, urina, placenta e outros fluidos corporais dos animais.

  3. Inalação de partículas infectadas: Em ambientes industriais, como abatedouros ou laboratórios de microbiologia, a exposição a aerossóis contendo a bactéria Brucella pode resultar em infecção.


No Brasil, as regiões com maior prevalência da doença estão associadas à pecuária intensiva, como o Sudeste e o Centro-Oeste, onde o manejo inadequado dos rebanhos aumenta o risco de disseminação.


Diagnóstico da Brucelose


O diagnóstico da brucelose pode ser um desafio devido à semelhança de seus sintomas com outras doenças infecciosas. Para confirmar a presença da Brucella, os médicos costumam utilizar uma combinação de métodos:

  • Exames de sangue: A sorologia é a técnica mais comum, que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria Brucella. O teste de Rosa de Bengala é amplamente utilizado no Brasil como triagem inicial.

  • Hemoculturas: Nos casos em que há suspeita de infecção ativa, o isolamento da bactéria em culturas sanguíneas pode ser realizado.

  • Exames de imagem: Para avaliar possíveis complicações, como artrite ou endocardite, podem ser solicitados exames complementares, como ultrassonografias ou tomografias.


Tratamento


O tratamento da brucelose humana baseia-se no uso prolongado de antibióticos, uma vez que a doença pode se tornar crônica se não for adequadamente tratada. A terapia antimicrobiana geralmente inclui:


  • Doxiciclina e Rifampicina, administradas por pelo menos 6 semanas, constituem a combinação mais comum.

  • Estreptomicina ou Gentamicina também podem ser incluídas no tratamento em casos mais graves ou resistentes.


O tratamento prolongado é necessário para evitar a recaída, que é comum em infecções mal tratadas. Em casos de complicações graves, como endocardite, pode ser necessária intervenção cirúrgica, além do uso de antibióticos intravenosos.


Prevenção


A prevenção da brucelose humana depende, principalmente, de medidas voltadas para o controle da infecção em animais e da conscientização das populações em risco. Entre as principais estratégias preventivas estão:


  • Pasteurização de produtos lácteos: Garantir que todos os produtos de origem animal consumidos sejam pasteurizados é a principal medida preventiva contra a brucelose.

  • Vacinação de rebanhos: Embora não exista uma vacina para humanos, a vacinação de bovinos e ovinos contra a Brucella é essencial para reduzir a prevalência da doença em áreas endêmicas.

  • Cuidados no manejo de animais: Uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas e máscaras, para trabalhadores que manipulam animais ou seus produtos.


A brucelose humana é uma doença grave e debilitante que exige atenção, principalmente em áreas com atividades pecuárias intensivas. Apesar de ser uma doença evitável, ela ainda representa um problema significativo de saúde pública no Brasil e em outros países com sistemas de controle de qualidade dos alimentos e saúde animal menos rígidos. A educação das populações de risco e o controle adequado da doença nos rebanhos são essenciais para reduzir a transmissão e prevenir novos casos.


Como evitar a BRUCELOSE, fazer o controle e prevenir a transmissão da DOENÇA


FONTE: Rural Piemonte



Pesquisadores


Imagem da autora do texto
LUANA CAVALCANTE DO CARMO Discente da Faculdade Vassouras

Referências


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