A brucelose bovina, também conhecida como aborto contagioso, é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Brucella, sendo a Brucella abortus a espécie mais comum em bovinos.
Esta zoonose afeta principalmente o sistema reprodutivo dos animais, causando prejuízos econômicos significativos à pecuária devido à redução na produção leiteira, aumento de abortos e diminuição da taxa de natalidade nos rebanhos. Além disso, a brucelose também é uma preocupação para a saúde pública, pois pode ser transmitida para humanos.
Este artigo visa fornecer informações claras e acessíveis sobre a brucelose em vacas, incluindo seus sintomas, causas, formas de transmissão e métodos de prevenção e tratamento, com base nas normativas de saúde animal no Brasil.
O Que É a Brucelose em Vacas?
A brucelose é uma doença bacteriana altamente contagiosa que afeta principalmente o gado bovino. Ela é causada pela bactéria Brucella abortus, que se instala nos tecidos reprodutivos, causando inflamações e frequentemente levando ao aborto, principalmente no terço final da gestação. Além dos prejuízos à saúde animal, a brucelose bovina possui grande impacto econômico para os produtores rurais, uma vez que reduz a produtividade do rebanho e impõe custos com medidas de controle e erradicação.
A brucelose bovina é considerada endêmica em várias regiões do Brasil, e por isso o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceu programas de controle e erradicação obrigatórios para a doença no território nacional.
Sintomas da Brucelose em Vacas
Os principais sintomas da brucelose em vacas estão associados ao sistema reprodutivo dos animais. Dentre os sinais clínicos mais comuns estão:
Aborto: Geralmente ocorre entre o sexto e oitavo mês de gestação.
Retenção de placenta: É comum que, após o aborto, a vaca apresente dificuldade para expulsar a placenta.
Infertilidade: Após o aborto, muitos animais podem apresentar problemas reprodutivos, como dificuldade em conceber novamente.
Metrite: Inflamação do útero, que pode ocorrer após o aborto.
Orquite: Nos machos, pode ocorrer inflamação nos testículos, afetando a fertilidade.
Nascimento de bezerros fracos: Quando não ocorre o aborto, os bezerros nascidos de vacas infectadas geralmente são fracos ou nascem com malformações.
Nos bovinos, os sintomas podem passar despercebidos até o momento do aborto, tornando a identificação da doença no rebanho ainda mais complicada sem a realização de exames laboratoriais.
Causas e Transmissão
A brucelose bovina é causada pela bactéria Brucella abortus, que possui alta capacidade de sobrevivência em ambientes úmidos e em tecidos animais. A transmissão da doença ocorre, principalmente, por contato direto com os materiais contaminados, como a placenta, fluidos fetais, sangue e secreções vaginais de animais infectados. Os principais meios de transmissão incluem:
Contato com material biológico contaminado: Vacas podem contrair a doença ao entrar em contato com o aborto ou as secreções de um animal infectado.
Ingestão de alimentos ou água contaminados: A bactéria pode ser transmitida por meio de alimentos ou água contaminados com fluídos de animais doentes.
Transmissão congênita: Vacas gestantes podem transmitir a infecção para o feto, resultando em aborto ou no nascimento de bezerros infectados.
Disseminação por sêmen: Em touros, a infecção pode ser transmitida por meio da inseminação artificial, se o sêmen não for testado para a bactéria Brucella.
Uma vez introduzida em um rebanho, a brucelose se espalha facilmente, principalmente em sistemas de produção intensiva onde o contato entre os animais é mais próximo.
Diagnóstico
O diagnóstico da brucelose em vacas é feito por meio de exames laboratoriais específicos que detectam a presença da bactéria Brucella abortus ou dos anticorpos produzidos pelo animal em resposta à infecção. Os testes mais comumente utilizados no Brasil são:
Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT): Este é o método de triagem mais comum e detecta a presença de anticorpos contra a Brucella no sangue.
Teste de Soroaglutinação Lenta em Tubo (SAL): É um teste confirmatório que quantifica os anticorpos contra a bactéria.
Cultura bacteriológica: Em casos de aborto, amostras da placenta e outros materiais podem ser enviadas ao laboratório para o isolamento da bactéria.
O diagnóstico precoce é essencial para a implementação de medidas de controle eficazes e para evitar a disseminação da doença.
Tratamento
Atualmente, não há tratamento eficaz e seguro para a brucelose em bovinos, sendo a eutanásia dos animais infectados a principal medida recomendada para controlar a doença e evitar a sua propagação. A eliminação de animais infectados faz parte das diretrizes do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), estabelecido pelo MAPA.
Em casos onde a brucelose é diagnosticada em um rebanho, é fundamental isolar os animais doentes e seguir as orientações sanitárias, que incluem:
Notificação compulsória: A brucelose é uma doença de notificação obrigatória no Brasil, e todo caso deve ser informado ao serviço veterinário oficial.
Abate sanitário: Os animais infectados devem ser abatidos para impedir a propagação da doença.
Desinfecção do local: O manejo adequado do local onde ocorreu o aborto, com a eliminação e desinfecção dos materiais contaminados, é essencial para reduzir a disseminação da bactéria.
Prevenção
A prevenção da brucelose em vacas é baseada em práticas sanitárias rigorosas e no cumprimento das normas estabelecidas pelo PNCEBT. As principais medidas preventivas incluem:
Vacinação obrigatória de bezerras: No Brasil, a vacinação contra a brucelose é obrigatória para bezerras com idades entre 3 e 8 meses, utilizando a vacina B19, conforme normativas do MAPA.
Controle do movimento de animais: A compra de animais deve ser feita com critério, garantindo que os mesmos sejam provenientes de rebanhos livres de brucelose, com exames negativos para a doença.
Exames periódicos: Realizar exames regulares no rebanho é essencial para identificar precocemente a infecção e tomar as medidas adequadas.
Considerações Finais
A brucelose em vacas é uma doença de grande impacto tanto para a saúde animal quanto para a economia da pecuária. A implementação de medidas preventivas, como a vacinação, o controle sanitário e a realização de exames regulares, é fundamental para evitar surtos e garantir a segurança dos rebanhos. Além disso, o abate de animais infectados e o manejo sanitário adequado são essenciais para a erradicação da doença em áreas endêmicas.
Brucelose em humanos: O Que É, Sintomas, Causas e Tratamento
A brucelose humana é uma doença infecciosa de origem bacteriana causada pelo gênero Brucella, que afeta tanto animais quanto seres humanos. Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma enfermidade transmitida de animais para humanos.
A infecção humana ocorre, na maioria das vezes, por meio do consumo de alimentos contaminados ou pelo contato direto com animais infectados, principalmente em áreas rurais onde a pecuária é uma atividade comum.
Este artigo busca fornecer uma visão geral sobre a brucelose humana, abordando seus sintomas, causas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis, conforme diretrizes de fontes confiáveis e normas de saúde pública no Brasil.
O Que É a Brucelose Humana?
A brucelose é causada por bactérias do gênero Brucella, sendo as principais espécies que infectam humanos: Brucella abortus (associada ao gado), Brucella melitensis (em ovinos e caprinos) e Brucella suis (em suínos). Esta doença tem grande relevância no contexto da saúde pública, principalmente em áreas onde o manejo inadequado de animais e produtos de origem animal é comum. A transmissão para os humanos ocorre, geralmente, por:
Consumo de produtos de origem animal não pasteurizados, como leite e queijo.
Contato direto com sangue, tecidos ou fluidos corporais de animais infectados.
Inalação de aerossóis contaminados, principalmente em ambientes de trabalho, como abatedouros e fazendas.
A brucelose é considerada uma doença ocupacional, com risco elevado para trabalhadores rurais, veterinários, profissionais de saúde animal e laboratórios.
Sintomas da Brucelose Humana
Os sintomas da brucelose podem variar de leves a graves, e geralmente aparecem entre 5 dias e 3 semanas após a exposição às bactérias. Os principais sinais incluem:
Febre contínua ou intermitente, conhecida como "febre ondulante".
Suores noturnos.
Fadiga extrema.
Dores musculares e articulares, que podem levar a inflamação crônica.
Perda de apetite e perda de peso.
Dor abdominal e aumento do fígado ou do baço (hepatomegalia e esplenomegalia).
Em casos mais graves ou não tratados, a brucelose pode evoluir para complicações, como meningite, endocardite, artrite séptica e até infertilidade, tornando seu diagnóstico e tratamento precoce fundamentais para prevenir complicações.
Causas e Transmissão
A brucelose é uma zoonose transmitida, principalmente, pelo consumo de produtos de origem animal contaminados e pelo contato direto com animais infectados. Os principais fatores de risco para a infecção incluem:
Consumo de alimentos contaminados: O leite cru e derivados lácteos, como queijos artesanais, são fontes frequentes de infecção, especialmente em regiões onde a pasteurização não é uma prática comum.
Contato com animais infectados: Trabalhadores que lidam diretamente com animais, como pecuaristas, veterinários e açougueiros, estão em maior risco devido ao contato com sangue, urina, placenta e outros fluidos corporais dos animais.
Inalação de partículas infectadas: Em ambientes industriais, como abatedouros ou laboratórios de microbiologia, a exposição a aerossóis contendo a bactéria Brucella pode resultar em infecção.
No Brasil, as regiões com maior prevalência da doença estão associadas à pecuária intensiva, como o Sudeste e o Centro-Oeste, onde o manejo inadequado dos rebanhos aumenta o risco de disseminação.
Diagnóstico da Brucelose
O diagnóstico da brucelose pode ser um desafio devido à semelhança de seus sintomas com outras doenças infecciosas. Para confirmar a presença da Brucella, os médicos costumam utilizar uma combinação de métodos:
Exames de sangue: A sorologia é a técnica mais comum, que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria Brucella. O teste de Rosa de Bengala é amplamente utilizado no Brasil como triagem inicial.
Hemoculturas: Nos casos em que há suspeita de infecção ativa, o isolamento da bactéria em culturas sanguíneas pode ser realizado.
Exames de imagem: Para avaliar possíveis complicações, como artrite ou endocardite, podem ser solicitados exames complementares, como ultrassonografias ou tomografias.
Tratamento
O tratamento da brucelose humana baseia-se no uso prolongado de antibióticos, uma vez que a doença pode se tornar crônica se não for adequadamente tratada. A terapia antimicrobiana geralmente inclui:
Doxiciclina e Rifampicina, administradas por pelo menos 6 semanas, constituem a combinação mais comum.
Estreptomicina ou Gentamicina também podem ser incluídas no tratamento em casos mais graves ou resistentes.
O tratamento prolongado é necessário para evitar a recaída, que é comum em infecções mal tratadas. Em casos de complicações graves, como endocardite, pode ser necessária intervenção cirúrgica, além do uso de antibióticos intravenosos.
Prevenção
A prevenção da brucelose humana depende, principalmente, de medidas voltadas para o controle da infecção em animais e da conscientização das populações em risco. Entre as principais estratégias preventivas estão:
Pasteurização de produtos lácteos: Garantir que todos os produtos de origem animal consumidos sejam pasteurizados é a principal medida preventiva contra a brucelose.
Vacinação de rebanhos: Embora não exista uma vacina para humanos, a vacinação de bovinos e ovinos contra a Brucella é essencial para reduzir a prevalência da doença em áreas endêmicas.
Cuidados no manejo de animais: Uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas e máscaras, para trabalhadores que manipulam animais ou seus produtos.
A brucelose humana é uma doença grave e debilitante que exige atenção, principalmente em áreas com atividades pecuárias intensivas. Apesar de ser uma doença evitável, ela ainda representa um problema significativo de saúde pública no Brasil e em outros países com sistemas de controle de qualidade dos alimentos e saúde animal menos rígidos. A educação das populações de risco e o controle adequado da doença nos rebanhos são essenciais para reduzir a transmissão e prevenir novos casos.
Como evitar a BRUCELOSE, fazer o controle e prevenir a transmissão da DOENÇA
FONTE: Rural Piemonte
Pesquisadores
Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual Técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. Brasília: MAPA, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/brucelose. Acesso em: 12 out. 2024.
SILVA, F. C. et al. Brucelose Bovina: Impacto Econômico e Políticas de Controle no Brasil. Revista Brasileira de Saúde Animal, Curitiba, v. 10, n. 1, p. 27-35, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbsa/. Acesso em: 12 out. 2024.
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OLIVEIRA, L. R. et al. Brucelose no Brasil: Uma Revisão sobre o Estado Atual da Doença. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 3, p. 329-339, 2020. Disponível em: https://www.scielosp.org/j/csp/. Acesso em: 12 out. 2024.
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